domingo, 24 de maio de 2015

Resenha: O Apanhador no Campo de Centeio - J. D. Salinger


   Acredito que qualquer um que tenha o mínimo teor literário já ouviu falar do grande clássico O Apanhador no Campo de Centeio, bastante comentado e umas das obras literárias mais famosas desta época. Foi o primeiro grande livro que ouvir falar e o primeiro que tive vontade de procurar para ler.

  É a única obra escrita por  J. D. Salinger, foi publicada inicialmente em formato de revista junto com outros contos do autor; apenas em 1951 ganhou um formato de livro físico.
  Foi, e ainda é, um dos romances mais lidos de todos os tempos, principalmente pelo público jovem, graças à temáticas que o mesmo aborda.

 O romance não tem uma historia fixa. Para ser mais especifico, o livro aborda o final de semana do jovem Holden Caulfield após ter tirado péssimas notas em quase todas as matérias da escola onde estuda, Colégio Pencey. O rapaz é expulso e resolve perambular pela cidade antes de regressar a casa e dá a notícias aos seus pais.
 A narrativa é simples e a história é contada pelo próprio Holden. É como uma conversa com o personagem, aonde ele vai acarretando fatos e muitas vezes se perdendo nos seus pensamentos, mudando o rumo inicial das coisas, às vezes podendo deixar a narrativa meio confusa, mas acima disso dando um toque único ao livro.

 Holden Caufield é um jovem sem muita perspectiva de vida, ele não sabe o que fazer com seu futuro, não se importa com estudos e está completamente perdido a respeito de sua vida.
 Ele é um rapaz problemático e, apesar de inteligente, ele não sabe o por que de muitas coisas acontecerem ou terem de ser feitas. Ele tem uma certa inocência dentro de si e muitos de seus questionamentos são bem infantis.
 É um personagem extremamente solitário e, apesar das pessoas gostarem de sua presença, ele odeia a maioria dos seres humanos; não os entende, não se encaixa perto deles, típico da misantropia que, acredito eu, seja apenas um dos muitos problemas comportamentais que o personagem tem.

 Eu gostei bastante do livro, a história é fluída e alguns toques bastante interessantes do que se diz respeito ao comportamento humano.
 Holden é um personagem bastante interessante e pouco compreendido, causando um certo desconforto em muitas pessoas que leem o livro. Eu gosto da narrativa e consigo entender sua fama. Levando em conta na época que o livro foi escrito, é totalmente plausível o tom do personagem. Um jovem de uma época onde a força de expressão dos adolescentes não era muito grande, por isso a crise ideológica do rapaz, que se sente vazio em um mundo sem sentido algum.

 Apesar de gostar bastante do livro, admito que o mesmo tem muitos pontos negativos. Às vezes, temos a sensação que o autor não sabia bem o que pretendia fazer e apenas escreveu por escrever, o personagem fica meio incoerente a ele mesmo e coisas desnecessárias acontecem, causando um certo tédio ao se ler o livro, mas trazendo um toque ainda mais realístico a obra.

 Eu sempre li muitas resenhas e comentários sobre O Apanhador no Campo de Centeio, e muitas controversas e opiniões diversificadas sobre o romance. Acredito que a maiorias das pessoas nem mesmo entenderam o livro de verdade ou então já leram com uma ideia completamente diferente do que o livro propõe.
 Já vi muita gente endeusando  J. D. Salinger, afirmando coisas completamente sem sentido sobre a obra  e criando especulações sem sentidos sobre a visão deles do livro.
 Em contraponto a isso, já presenciei muitas pessoas criticando a obra, dizendo que o livro é sem sentido e que não passa de um monte de paginas vazias, que não vale a pena ser lido.
 Minha opinião sobre isso é que as maiorias das pessoas vão ler o Apanhador com uma ideia muito errado e nem mesmo tentam ter sua própria interpretação do livro, apenas repetindo o que todo mundo já diz. Isso acaba criando um ciclo de pessoas afirmando besteiras por aí. Não entendem o livro, e endeusam o autor por algo que elas nem tiveram o trabalho de procurarem entender.
  O livro ganhou fama por motivos errados e muitas pessoas tentam procurar mensagens subliminares e uma complexidade em algo que na verdade é muito simples.
  J. D. Salinger marcou, sim, a história da literatura; foi sim um bom escritor, mas não o melhor. O Apanhador no Campo de Centeio é, e sempre vai ser, um grande livro, mas não pelo que as pessoas narram por aí. Ele é um grande livro pela sua interpretação e simplicidade. Holden Caufield é muito bem trabalhado e, apesar de confuso, ele é um grandioso personagem e um dos melhores já criados até hoje.

 Se você está pensando em ler O Apanhador no Campo de Centeio, eu sugiro que limpe sua mente de tudo que é dito sobre o livro e tente interpretá-lo da sua maneira. Se tiver sem paciência e tiver em busca de um livro com uma mensagem impactante e uma profundidade emocional, uma história incrivelmente elaborada, não o leia. Agora, se quiser um livro simples e real com pensamentos de um jovem problemático e misantropo, eu recomento totalmente o livro.
 Me diverti e de certa forma até me questionei bastante lendo O Apanhador no Campo de Centeio e sempre será um dos meus livros prediletos.

Boa Leitura!






Informações adicionais: 


 Sobre o autor:



 Jerome David Salinger, foi um escritor norte-americano. Sua obra mais conhecida é o romance intitulado The Catcher in the Rye (O Apanhador no Campo de Centeio no Brasil), publicado em 1951 nos Estados Unidos.

Nasceu em Manhattan, Nova Iorque, em 1º de janeiro de 1919, filho de pai judeu de origem polaca e mãe de origem escocesa e irlandesa. Começou escrevendo ainda na escola secundária, e publicou vários contos no início da década de 1940, antes de servir na II Guerra Mundial. Em 1948, ele escreve o seu primeiro conto aclamado pela crítica, A Perfect Day for Bananafish (Um dia perfeito para Peixe-banana, em português), publicado na revista The New Yorker, que seria o local de onde sairiam mais outros contos seus nos anos seguintes. Em 1951, publica seu primeiro romance, The Catcher in the Rye (O Apanhador no Campo de Centeio no Brasil e À Espera no Centeio ou Uma Agulha no Palheiro em Portugal), que torna-se um sucesso imediato. Sua descrição da alienação da adolescência e da inocência perdida através do seu protagonista, Holden Caulfield, com vocabulário e gírias, serviu de influência para toda uma geração de novos leitores, especialmente adolescentes. O livro continua tendo uma vendagem estimada em 250 mil cópias por ano.



Sobre o livro:

Título: O Apanhador no Campo de Centeio
Título original: The Catcher in the Rye

Autor: J. D. Salinger
Gênero: Romance
Editora: Little, Brown and Company
Editora brasileira: Editora do Autor
Tradução: Álvaro Alencar, Antônio Rocha, Jório Dauster
Número de páginas: 207





                                            Escrito por: Ilian Martins

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Talvez

Digo palavras, escrevo historias.
Todos meus questionamentos me dividem.
Talvez só me sinta verdadeiro dizendo, revendo aquilo que sinto e pensando sobre os
momentos vividos, então me ponho a pensar.
Talvez na minha mente esteja guardado uma esponja gigante, a qual eu
consiga absorver tudo, talvez seja o bastante e eu não precise de papel, mas para quem se permitisse escutar, posso dizer mil vezes tudo aquilo que eu sinto, e será
diferente todas as mil, pois a vida nunca é igual para quem se permite viver.
Encaro a escuridão nos olhos.
Vejo anjos e demônios, fico alucinado com minha imaginação, floresce pensamentos em mim como o chão da primavera nascem flores.
Me deixo levar por eles, melancolia, tristeza, raiva, amor.
Até um simples acontecimento é o bastante para um novo mundo aparecer, e o papel novamente não me é necessário, apenas minha mente é o bastante, talvez.
                                                                           - Ilian Matins

Hipoteticamente falando

Pensar por quê, em quê, pra quê?
Ora, por que não pensarmos em hipóteses, suposições, teses?
Se martirizando por coisas que talvez acontecerão?
Ou por supostos erros?
É inevitável.
O homem tem a mania de sofrer por antecipação.
Isso nunca mudará.
                                                         - Moreira Duarte

terça-feira, 19 de maio de 2015

Inexpugnável

Sou tão incólume quanto um soldado regressando de uma guerra
Sou tão ágil quanto um bicho-preguiça
Sou tão esperto quanto um animal recém-nascido
Sou tão isento de sentimentos como qualquer ser humano.
                                                            -Moreira Duarte

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Todas as noites têm vida

Enquanto todos dormem e descansam, eu penso, reflito.
Todas as madrugadas têm vida.
Mesmo que a existência seja resumida a nada, eu ainda observo e escuto o silêncio profundo que as milhares de pessoas do mundo produzem ao sonhar. Não existe luz. A escuridão me toma os olhos e às cegas eu vivo.
Escuto, tudo, todos, e o nada. Sinto o silêncio e as milhares de pequenas coisas que apenas agora me são possíveis sentir.
Inconstância me define. Por isso a loucura transborda de meu peito toda noite. Porque todas as madrugadas têm vida. Meus medos anseiam por um tempo em que eu apenas esteja a sós, com minhas vozes e com minha escuridão.
Mas eu não tenho medo do escuro, apesar de achar que isso seja parte do meus problemas. Não transgrido minhas próprias leis. Gosto do escuro. Sinto-o um amigo próximo; um amigo que conhece todos os meus segredos.
É a ansiedade que me mata. A ansiedade me mantém refém dentro da minha casa, encasulado dentro das paredes do meu quarto. Nas paredes invisíveis que se formam dentro da minha cabeça.
Minha insônia me impede de viver livremente, porque as madrugadas se tornaram meu lar. A insônia tem esse jeito contente e educado de me acordar durante as noites e dizer que preciso lhe fazer companhia, que eu preciso lutar contra mim. Enumerando milhões de razões pelas quais eu não posso dormir. Não consigo me manter feliz. São pequenas coisas que ainda me mantém lúcido. Me afogo no desespero e na minha pequena e inquieta vontade de viver. Não faço ideia de onde estou, não faço ideia de como escapar.
Estou preso nessa madrugada.
                                                                                    - Ilian Martins

sábado, 9 de maio de 2015

Chuva tórrida

Lembras da chuva que parece mais com uma torrente de navalhas? Há piores.
Aquele tipo de chuva alimentada pelas lágrimas obtidas por meio de lembranças ruins.
Uma chuva que parece não ter fim, que se perde na linha do horizonte. Em uma hora ou outra, tudo ficará submerso.
Às vezes vem acompanhado de tanta dor e sofrimento, que dá vontade de se deixar afogar e dá fim a tudo isso.
Porém, pode ocorrer a chance de que, lá no fundo, haja um ralo que, mais certo ou mais tarde, escoará toda essa chuva de lágrimas.
Mais fácil seria se eu me trancafiasse num casulo de vidro, longe destas chuvas, longe de tudo e de todos. Mais fácil seria se fosse recomeçado do zero.
Podem ser nuvens carregadas e pesadas, mas o mais reconfortante, é que são passageiras, levadas pelo vento da esperança.
                                                                                                     - Moreira Duarte

sábado, 2 de maio de 2015

Indicando animes/mangás: Beck (MCS)


 Um dos meus mangás prediletos e um dos primeiros animes que assisti. Um clássico dos mangás e dos animes. Considerada a obra mais popular do mangaká Harold Sakuishi, o mangá foi publicado em 1999 na revista mensal Shonen Magazine.

 Ganhou uma adaptação para anime com 26 episódios pelo estúdio Madhouse, intitulado BECK: Mongolian Chop Squad, e exibido na TV Tokyo, entre outubro de 2004 e março de 2005.

 A história segue a vinda dos cinco integrantes da banda japonesa de rock, BECK, e narra todas as dificuldades pelas quais as bandas normalmente passam no mercado japonês e até no mundo.

 O protagonista é o jovem de 14 anos, Yukio Tanaka (Koyuki); ele é tímido e tem uma vida tediosa e monótona, até que por um acaso salva um cachorro chamado Beck de um grupo de garotos que o maltratava e acaba conhecendo o dono do cachorro, Ryuusuke Minami que tem 16 anos e acabou de chegar dos EUA e é o guitarrista da banda Serial Mama. Os dois ficam amigos e Ryuusuke começa a influenciar Koyuki ao mundo da musica.

  Após uma discussão, Ryuusuke acaba saindo da banda que atuava (Serial Mama). Decidindo montar um novo grupo que, segundo ele, seria a maior banda de todas e daí começa a recrutar membros para a mesma.

  Beck surge com quatro integrantes iniciais: Ryuusuke na guitarra; Taira um baixista talentoso e bastante popular por atuar em uma banda indie famosa na cidade; Chiba fica nos vocais influenciado pelo rapper, ele dá uma pegada mais punk a banda, animando os shows; o baterista é Toudou.

 Todou acaba tendo que sair da banda e um amigo de Koyuki, Saku, acaba entrando como apoio. Koyuki, que nessa altura já havia se tornado um dedicado guitarrista, acaba entrando junto de Saku e mais tarde ingressando de vez como membros fixos.

 A trama tem altos e baixos e a banda passa por muitas dificuldades e cria muitos inimigos no mercado. A banda participa de vários festivais e shows em pequenas casas noturnas. Com o tempo acaba se tornando popular como uma banda Underground.

 O anime pegou inspirações de vários artistas reais para a criação dos personagens:

 Chiba foi inspirado em Zack de La Rocha, vocalista da banda de rap-metal norte-americana, Rage Against the Machine.

 Taiga tem inspirações em Flea, baixista bastante conhecido da banda californiana, Red Hot Chili Peppers.

 Eddie, guitarrista que ensinou Ryuusuke a tocar e foi o seu melhor amigo na época em que o mesmo morava nos EUA, acabou se tornando o líder de uma grande banda conhecida mundialmente por Dying Breed (DyBre). Eddie foi inspirado no vocalista e guitarrista Kurt Cobain da banda americana de rock, Nirvana.

 O mangá é uma das minhas series prediletas, foi o primeiro que li do começo ao fim e conseguir terminar por completo. A história é boa e a temática também, me identifiquei muito com algumas coisas e é um manga que mudou uma parte da minha vida.

 Apesar de curto o anime é realmente uma ótima adaptação do mangá, mas não é completo. Sugiro a quem quiser conhecer a obra, lê tanto o mangá quanto assistir o anime. A história é muito boa e as musicas são fenomenais, um clássico dos animes e eu indico a todos os fãs e não fãs da cultura japonesa.







Informações adicionais:





Live-action:




O anime foi adaptado para o cinema com um live-action, anunciado em 2009, com as filmagens a partir do julho do mesmo ano. Ele foi produzido e dirigido por Yukihiko Tsutsumi. É estrelado por Takeru Sato como Koyuki, Hiro Mizushima como Ryusuke, Kenta Kiritani como Chiba, Aoi Nakamura como Saku e Osamu Mukai como Taira, Shioli Kitsuna como Maho. Os atores receberam formação adequada em seus instrumentos para as 30 canções originais que foram escritos para o filme.

Beck foi lançado para o cinema japonês em 4 de setembro de 2010. As bandas Red Hot Chili Peppers e Oasis fizeram 
músicas-tema de abertura e encerramento, "Around the World" e "Do not Look Back in Anger".

Eu gostei muito da adaptação, os atores foram bem escolhidos e o roteiro seguiu bem o anime, as canções feitas para o live-action são inéditas para o filme e são tão boas quanto as do anime. No filme não vemos o protagonista, Koyuki, cantar. Acho que foi uma ideia da produtora, pois no anime ele é tido como alguém com a voz impactante e enfática que conseguia prender a atenção de qualquer um, mas acho que não compreenderão o verdadeiro significa disso. Não importa a voz que coloquem para o personagem, o que importa no manga não é a voz em si, mas, muito acima disso, os sentimentos que Koyuki transparecia ao cantar. Não era a sua voz ao cantar que causava aquele efeito nas pessoas e, sim, o sentimento e a mensagem que ele passava. E não colocar isso no filme tirou um pouco dos méritos para mim, não destruindo por completo, claro. É uma adaptação muito boa e fiel e eu recomendo que vejam também.






                                             Escrito por: Ilian Martins