sexta-feira, 15 de maio de 2015

Todas as noites têm vida

Enquanto todos dormem e descansam, eu penso, reflito.
Todas as madrugadas têm vida.
Mesmo que a existência seja resumida a nada, eu ainda observo e escuto o silêncio profundo que as milhares de pessoas do mundo produzem ao sonhar. Não existe luz. A escuridão me toma os olhos e às cegas eu vivo.
Escuto, tudo, todos, e o nada. Sinto o silêncio e as milhares de pequenas coisas que apenas agora me são possíveis sentir.
Inconstância me define. Por isso a loucura transborda de meu peito toda noite. Porque todas as madrugadas têm vida. Meus medos anseiam por um tempo em que eu apenas esteja a sós, com minhas vozes e com minha escuridão.
Mas eu não tenho medo do escuro, apesar de achar que isso seja parte do meus problemas. Não transgrido minhas próprias leis. Gosto do escuro. Sinto-o um amigo próximo; um amigo que conhece todos os meus segredos.
É a ansiedade que me mata. A ansiedade me mantém refém dentro da minha casa, encasulado dentro das paredes do meu quarto. Nas paredes invisíveis que se formam dentro da minha cabeça.
Minha insônia me impede de viver livremente, porque as madrugadas se tornaram meu lar. A insônia tem esse jeito contente e educado de me acordar durante as noites e dizer que preciso lhe fazer companhia, que eu preciso lutar contra mim. Enumerando milhões de razões pelas quais eu não posso dormir. Não consigo me manter feliz. São pequenas coisas que ainda me mantém lúcido. Me afogo no desespero e na minha pequena e inquieta vontade de viver. Não faço ideia de onde estou, não faço ideia de como escapar.
Estou preso nessa madrugada.
                                                                                    - Ilian Martins

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