Viajando pelos limites do Universo, indo de um lado a outro, enfrentei
seres e criaturas inenarráveis; passei por lugares indefiníveis. Há
tempos esqueci o que busco, mesmo assim continuo procurando. Em uma das
minha últimas jornadas, encontrei um dos lugares mais lindo que meus
olhos tiveram o prazer de contemplar. Um imenso jardim. Tão grande que
se perdia da minha visão. Milhares de flores, orquídeas, plantas, etc.,
que nunca vi, e que, provavelmente
ninguém pisara ali. A sua beleza estonteante dava a entender que a
predatória humanidade não chegara até lá. O aroma ia do doce perfume ao
cheiro amargo de algumas plantas venenosas. Tive o prazer de encontrar
flores que se tem em qualquer esquina, assim como também encontrei
flores pelas as quais nunca ouvi falar nem nunca vi. De simples rosas
vermelhas à excêntricas plantas negras. Qualquer pessoa levaria dias e
mais dias para percorrer tudo aquilo, e esse foi o tempo que levei. No
fim dessa minha jornada, quando eu achava que tinha visto as flores mais
lindas durante o caminho, avistei “a” flor, de longe, como se ela que
houvesse me achado. Em pequena quantidade, comparado as outras.
Havia várias fases, uma do lado da outra, começando pela a direita, cada
qual adquirindo um tom diferente. Na primeira fase, a flor acabara de
desabrochar, suas pétalas azuis tão lindas quando a alvorada fizeram
que, mesmo involutariamente, eu abrisse o maior sorriso da minha vida.
Ao seu lado, a flor estava na sua fase mais majestosa, branca como a
neve, todas as suas petálas no tamanho e brilho máximo. Suas petálas iam
caindo, indo do roxo ao cinza, até que no fim presenciei, em uma das
flores, a última petála cair e murchar. Todas ao seu redor murcharam
junto, como se tivesse um laço entre elas. Uma lágrima percorreu pelo o
meu rosto. Me senti um idiota. São apenas flores! Tive vontade de
arrancar todas. Mas faltou coragem. Eu não me perdoaria. Assim como
várias vezes tive vontade de pegar algumas e levá-las comigo para
mostrar ao mundo toda aquela beleza.
Depois de refletir um tempo e
quando eu já havia saído daquele lindo jardim, percebi o significado
daquela última flor que vi. Ela era como a vida, com várias fases,
passando por mudanças constantemente, da beleza da infância até o
momento de sua morte. Quando você perdia a cor. Quando aqueles que
perdem alguém se vai uma parte de si e murcham junto.
Eu a chamaria, até a hora da minha morte, pois nunca a esqueceria, de Flor da Vida.
- Moreira Duarte
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