domingo, 12 de abril de 2015

A Flor da Vida

 Viajando pelos limites do Universo, indo de um lado a outro, enfrentei seres e criaturas inenarráveis; passei por lugares indefiníveis. Há tempos esqueci o que busco, mesmo assim continuo procurando. Em uma das minha últimas jornadas, encontrei um dos lugares mais lindo que meus olhos tiveram o prazer de contemplar. Um imenso jardim. Tão grande que se perdia da minha visão. Milhares de flores, orquídeas, plantas, etc., que nunca vi, e que, provavelmente ninguém pisara ali. A sua beleza estonteante dava a entender que a predatória humanidade não chegara até lá. O aroma ia do doce perfume ao cheiro amargo de algumas plantas venenosas. Tive o prazer de encontrar flores que se tem em qualquer esquina, assim como também encontrei flores pelas as quais nunca ouvi falar nem nunca vi. De simples rosas vermelhas à excêntricas plantas negras. Qualquer pessoa levaria dias e mais dias para percorrer tudo aquilo, e esse foi o tempo que levei. No fim dessa minha jornada, quando eu achava que tinha visto as flores mais lindas durante o caminho, avistei “a” flor, de longe, como se ela que houvesse me achado. Em pequena quantidade, comparado as outras.
Havia várias fases, uma do lado da outra, começando pela a direita, cada qual adquirindo um tom diferente. Na primeira fase, a flor acabara de desabrochar, suas pétalas azuis tão lindas quando a alvorada fizeram que, mesmo involutariamente, eu abrisse o maior sorriso da minha vida. Ao seu lado, a flor estava na sua fase mais majestosa, branca como a neve, todas as suas petálas no tamanho e brilho máximo. Suas petálas iam caindo, indo do roxo ao cinza, até que no fim presenciei, em uma das flores, a última petála cair e murchar. Todas ao seu redor murcharam junto, como se tivesse um laço entre elas. Uma lágrima percorreu pelo o meu rosto. Me senti um idiota. São apenas flores! Tive vontade de arrancar todas. Mas faltou coragem. Eu não me perdoaria. Assim como várias vezes tive vontade de pegar algumas e levá-las comigo para mostrar ao mundo toda aquela beleza.
Depois de refletir um tempo e quando eu já havia saído daquele lindo jardim, percebi o significado daquela última flor que vi. Ela era como a vida, com várias fases, passando por mudanças constantemente, da beleza da infância até o momento de sua morte. Quando você perdia a cor. Quando aqueles que perdem alguém se vai uma parte de si e murcham junto.
Eu a chamaria, até a hora da minha morte, pois nunca a esqueceria, de Flor da Vida.

                                                                              - Moreira Duarte

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