quarta-feira, 22 de abril de 2015

Resenha: Misto Quente - Charles Bukowski




Procurei por uma palavra que me ajudasse a descrever facilmente o que era Misto Quente, a única que me coube melhor foi "real". Essa é a melhor definição que eu poderia dar a este livro.

 Sempre fui fascinado pela natureza dura e pela crueza com que Charles Bukowski escrevia. Conheci seus poemas e crônicas, e logo me tornei um grande admirador do seu trabalho. Mas Misto Quente foi o primeiro de seus livros que tive o prazer de ler.



 É o quarto romance escrito por Bukowski, foi publicado em 1982 pela editora Black Sparrow Books nos Estados Unidos e chegou ao Brasil em 2005 pela L&PM Editores.

 Considerada por muitos a obra prima do autor e, sem dúvidas, é um de seus livros de maior destaque.



 O livro narra a infância e a juventude do alter ego de Bukowski, Henry Chinaski, um garoto pobre de origem alemã que foi levado ainda muito jovem aos Estados Unidos por seu pai, com o intuito de melhoria de vida.

 Henry, durante a infância, era um garoto comum, muito calado e observador, não tinha amigos; não lhe era permitido pelo pai brincar com ninguém. Ao longo de seu crescimento o garoto leva  uma vida quieta, ao mesmo tempo que, no fundo, sempre teve um grande senso de questionar tudo que o rodeava.

 Henry se vê cercado e tendo de enfrentar o mundo a sua volta. Um mundo onde ele sofria represárias por todos os alunos de sua escola, onde não lhe era permitido amizades, e onde tinha de conviver com um pai autoritário que lhe aplicava surras quase que constantemente, por motivos que muitas vezes não era nem mesmo relevantes, ou que não eram entendido por ele. Sua mãe não era diferente. Não o defendia, uma mulher completamente submissa ao marido psicopata.

 Passa por um grave problema de espinhas que marca sua adolescência ainda mais, o fazendo se sentir diferente de todos, muitas vezes sentido vergonha de si mesmo. A doença o marca não so superficialmente, mas também marca o caráter de Chinaski, e vemos isso sendo agravado no decorrer do livro.Henry odeia as pessoas, odeia o mundo em que vive e logo encontra duas das coisas que tornariam essa existência minimamente suportável: a bebida e os livros.

 O garoto cresce e se torna um homem, mas sempre sendo seguido de perto por um sentimento de ódio, num mundo repleto de pessoas que o desprezavam, que não o aceitavam. Mas Henry é e sempre foi esperto demais. Um vagabundo. Começa a escrever contos e acaba sendo expulso de casa quando seu pai lê alguns de seus trabalhos.

 Fora de casa, começa uma vida de vadiagem, vivendo do dinheiro que ganhava em jogos e fazendo favores, morando em pensões e cortiços. Fazendo daquele ambiente de bebedeira, brigas e confusão, um lugar onde finalmente poderia encontrar o que buscava.

 Uma história que me prendeu até o último momento, um estilo de escrita sujo, sádico, depravado e completamente verdadeiro. Me identifiquei em muitos momentos com Henry e com seus questionamentos e anseios. Uma obra bastante comovente e, apesar de sua linguagem direta e coloquial, é um grande clássico literário. Um dos meus livros favoritos e uma obra que ficará para sempre marcada na minha vida.
"Quem não leu misto quente não leu Bukowski."
 Sugiro a todos que tem interesse em conhecer mais sobre o Velho Safado, e também para qualquer um que estiver em busca de um livro inspirador.


Boa Leitura!





Informações adicionais:

 

 

Sobre o autor:



Henry Charles Bukowski Jr, nasceu em Andernach, na Alemanha, a 16 de agosto de 1920, filho de um soldado americano e de uma jovem alemã. Aos três anos de idade, foi levado aos Estados Unidos pelos pais. Criou-se em meio à pobreza de Los Angeles, cidade onde morou por cinquenta anos, escrevendo e embriagando-se. Publicou seu primeiro conto em 1944, aos 24 anos de idade. Só aos 35 anos é que começou a publicar poesias. Foi internado diversas vezes com crises de hemorragia e outras disfunções geradas pelo abuso do álcool e do cigarro. Durante a vida, ganhou certa notoriedade com contos publicados pelos jornais alternativos Open City e Nola Express, mas precisou buscar outros meios de sustento: trabalhou 14 anos nos Correios. Casou, se separou e teve uma filha. É considerado o último escritor “maldito” da literatura norte-americana, uma espécie de autor beat honorário, embora nunca tenha se associado com outros representantes beat, como Jack Kerouac e Allen Ginsberg.

Sua literatura é de caráter extremamente autobiográfico, e nela abundam temas e personagens marginais, como prostitutas, sexo, alcoolismo, ressacas, corridas de cavalos, pessoas miseráveis e experiências escatoló­gicas. De estilo extremamente livre e imediatista, na obra de Bukowski não transparecem demasiadas preocupações estruturais. Dotado de um senso de humor ferino, auto-irônico e cáustico, ele foi comparado a Henry Miller, Louis-Ferdinand Céline e Ernest Hemingway.

 

 

 

Sobre o livro:

Autor: Charles Bukowski
Idioma original: Inglês
Titulo original: HAM ON RYE
Tradução: Pedro Gonzaga
Gênero: Realismo sujo, Romance
Literatura moderna internacional
Paginas: 320
ISBN: 8525414654


                                                  Escrito por: Ilian Martins

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